Coalizão Financeira BRB garante US$ 4.5 bilhões para florestas e bioeconomia do Brasil antes da COP30
- US$ 4.5 bilhões comprometidos com projetos de restauração florestal e bioeconomia, 45% da meta de US$ 10 bilhões da coalizão para 2030.
- 3.65 milhões de hectares de florestas brasileiras serão protegidos ou restaurados conforme os compromissos atuais.
- Iniciativa ganha força antes da COP30 em Belém, moldando o posicionamento do Brasil no financiamento climático global.
Brasil intensifica financiamento florestal
A Coalizão Financeira para Restauração e Bioeconomia do Brasil (BRB Finance Coalition) garantiu mais de US$ 4.5 bilhões em compromissos para projetos florestais e de bioeconomia, acelerando o ritmo em direção à sua meta de US$ 10 bilhões para 2030. O valor, obtido a partir das promessas dos 25 membros da coalizão, posiciona a iniciativa em quase metade de sua meta, faltando ainda cinco anos para o fim.
Lançada paralelamente à Cúpula do G20 no Brasil no final de 2024, a coalizão visa proteger e restaurar ecossistemas críticos, ao mesmo tempo em que canaliza investimentos para bioindústrias. O último levantamento abrange 3.65 milhões de hectares de florestas destinadas à proteção ou recuperação — uma escala que sinaliza o papel emergente do Brasil como um laboratório de finanças verdes.
Contexto da COP30
O momento é politicamente carregado. O Brasil sediará a COP30 em Belém no ano que vem, a primeira cúpula do clima da ONU na região amazônica. Autoridades e investidores estão enquadrando as florestas do país não apenas como sumidouros globais de carbono, mas também como motores de renovação econômica.
"Ultrapassar a marca de US$ 4.5 bilhões mostra que a meta de US$ 10 bilhões não é apenas viável, mas que estamos construindo um caminho sólido e confiável para alcançá-la." disse Thaís Ferraz, Diretora de Programas do Instituto Clima e Sociedade. “Estamos transformando ambição em ação e levaremos provas concretas do papel de liderança do Brasil no financiamento climático global para a COP30.”

O capital privado entra em cena
Grande parte desse impulso veio de investidores privados, especialmente gestores de ativos e bancos, que veem a bioeconomia brasileira como uma oportunidade de ponta. Gerrity Lansing, chefe do BTG Pactual Timberland Investment Group, afirmou que projetos de restauração e bioeconomia estão cada vez mais alinhados às agendas climáticas internacionais.
"A restauração é uma parte vital de uma paisagem mais ampla que também requer proteção e gestão sustentável, todas elas bem alinhadas com os objetivos da Presidência da COP30”, Lansing disse: “Sinais como este dão-nos a confiança de que estamos a entrar numa nova era para o clima, a natureza e as comunidades. "
Transformando Promessas em Entregas
Os líderes da coalizão enfatizam que os compromissos são apenas o primeiro passo. O termo "mobilizar" refere-se a promessas de investimento que devem ser implementadas por meio de projetos concretos até 2030. Traduzir isso em resultados práticos continua sendo um teste crucial.
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"Este marco é um forte sinal de impulso à medida que nos aproximamos da COP30," disse Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservation International Brasil e membro do Comitê Diretor da Coalizão Financeira do BRB. "Mas este é apenas o começo — estamos ansiosos pelo trabalho que temos pela frente para transformar esses compromissos em ações concretas e duradouras. É assim que garantiremos os benefícios para as pessoas, a natureza e o clima que esta coalizão foi criada para proporcionar."

Governança e implicações ESG
A iniciativa se cruza com a governança climática mais ampla do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou a Amazônia no centro de sua agenda diplomática, buscando atrair capital internacional e, ao mesmo tempo, manter a supervisão interna dos recursos naturais. O esforço de financiamento da coalizão se alinha a esses esforços, sugerindo uma estratégia coordenada para combinar investimento privado com políticas públicas.
Para investidores com foco em ESG, a coalizão oferece um caso de teste em financiamento de natureza em larga escala. Ao estabelecer metas mensuráveis — 5 milhões de hectares de restauração e proteção florestal até 2030 — a aliança oferece a transparência que os proprietários globais de ativos exigem cada vez mais. Ela também se conecta diretamente às estruturas de biodiversidade emergentes no âmbito do Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal e dos mercados de carbono do Artigo 6.
O que os executivos devem observar
Líderes de alto escalão e investidores monitorarão três dinâmicas:
- Implantação de Capital: A rapidez com que os compromissos passam dos balanços para os projetos em prática.
- Alinhamento de políticas: Se o ambiente regulatório do Brasil permite a ampliação de investimentos em bioeconomia.
- Alavancagem global: Como esses resultados posicionam o Brasil na COP30, potencialmente moldando as regras para o financiamento florestal em todo o mundo.
Apostas Globais
As florestas brasileiras representam quase 60% da Amazônia, o maior sumidouro de carbono tropical. Se a coalizão conseguir canalizar US$ 10 bilhões de forma eficaz para os setores de restauração e bioeconomia, poderá mudar tanto a trajetória econômica do país quanto os resultados climáticos globais. O marco de US$ 4.5 bilhões é apenas um passo, mas estabelece um ritmo que pode influenciar a forma como outras nações com florestas estruturam suas próprias coalizões financeiras no período que antecede a COP30 e além.
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