Climate Fund Managers fecha fundo de adaptação climática de US$ 1 bilhão para mercados emergentes
• O Climate Investor Two ultrapassa a meta de US$ 1 bilhão e se torna o maior fundo de infraestrutura de adaptação em mercados emergentes.
• Apoiado por US$ 190 milhões em novos compromissos e uma garantia da UE de € 205 milhões no âmbito do programa FEDS+.
• O novo modelo Bridge-to-Bond permite que investidores em títulos acessem ativos de infraestrutura de adaptação pela primeira vez.
Gestores de fundos climáticos com sede em Haia encerram fundo de adaptação histórico
A Climate Fund Managers (CFM) fechou seu segundo fundo de financiamento misto, o Climate Investor Two (CI2), com US$ 1.065 bilhão, tornando-se o maior fundo de infraestrutura para adaptação climática dedicado a mercados emergentes. O fundo superou sua meta original de US$ 1 bilhão, após US$ 190 milhões em novos compromissos de investidores e uma garantia de € 205 milhões (US$ 223 milhões) do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Sustentável Mais (FEDS+) da União Europeia.
O fechamento estabelece a CFM como um ator central no cenário de financiamento para adaptação climática, um campo ainda dramaticamente subfinanciado, apesar do aumento dos riscos climáticos físicos. O CI2 tem como alvo projetos de infraestrutura para água, resíduos e oceanos na África, Ásia e América Latina — regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas, mas menos atendidas pelos fluxos de capital.
Abordar a lacuna de financiamento da adaptação
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estima que os países em desenvolvimento enfrentam um déficit anual de financiamento para adaptação entre US$ 194 bilhões e US$ 366 bilhões. O CI2, criado em 2019 com o apoio da Comissão Europeia e do Fundo Holandês para o Clima e o Desenvolvimento (DFCD), busca reduzir essa disparidade por meio do uso de financiamento misto para mobilizar investimentos institucionais e privados em mercados de difícil acesso.
Até o final do seu horizonte de investimento, o CI2 pretende fornecer serviços de água potável e saneamento para 16.5 milhões de pessoas e restaurar ou proteger 2.2 milhões de hectares de ecossistemas. Os projetos já em carteira incluem sistemas de distribuição de água no Vietnã e nas Filipinas, instalações de dessalinização na Tailândia e no Quênia, e usinas de conversão de resíduos em energia em Serra Leoa, África do Sul e Tailândia.
O fundo também participou da troca de dívida por natureza no Equador, no valor de US$ 1.6 bilhão — a maior do mundo —, ajudando a garantir financiamento de conservação de longo prazo para a Reserva Marinha Hermandad e as Ilhas Galápagos.
Inovação em Finanças Climáticas
Uma característica marcante do CI2 é o seu mecanismo Bridge-to-Bond, desenvolvido com o parceiro estratégico Sanlam Investments, da África do Sul. A estrutura envolve um empréstimo-ponte da Sanlam Alternative Investments, lastreado por uma garantia da UE, que será posteriormente refinanciado por meio de uma emissão de títulos climáticos. Essa abordagem efetivamente abre a base de ativos do fundo para os mercados de renda fixa, convidando investidores institucionais em títulos a se envolverem no mercado de adaptação.
Andrew Johnstone, CEO da Climate Fund Managers, disse o novo modelo “demonstra o apetite dos investidores pela adaptação e nossa capacidade de estruturar oportunidades atraentes neste espaço.“Ele acrescentou que a adaptação climática deve “estão em pé de igualdade com a mitigação na resposta global à crise climática”.

Mark Moorhouse, Diretor Executivo de Financiamento de Infraestrutura na Sanlam Alternative Investments, chamou a parceria de um passo em direção “criando oportunidades personalizadas que proporcionem sustentabilidade para investidores, comunidades e o planeta.”
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Força institucional e apoio da UE
A garantia da UE foi possibilitada pela obtenção pela CFM do status de "Entidade Avaliada pelo Pilar" pela Comissão Europeia — uma distinção anteriormente limitada a instituições financeiras europeias de desenvolvimento e bancos multilaterais de desenvolvimento. Esse reconhecimento permite que a CFM gerencie diretamente as garantias da UE e a posiciona para desempenhar um papel mais importante na implementação das iniciativas Global Gateway e Team Europe da UE.
A governança e os padrões operacionais do fundo foram essenciais para garantir a participação de uma ampla variedade de investidores, incluindo IFDs, bancos multilaterais, fundos de pensão, seguradoras e gestores de ativos.
Expandindo o Modelo de Financiamento Misto
O CI2 opera por meio de dois veículos interligados: um Fundo de Desenvolvimento, que fornece capital concessional e assistência técnica para a preparação inicial do projeto, e um Fundo de Capital Próprio para Construção, que investe capital comercial durante a fase de construção. A estrutura permite a escalonamento de riscos e a captação de capital privado, mantendo o impacto no desenvolvimento.
Desde seu primeiro fechamento em 2021, o CI2 já comprometeu US$ 339 milhões em 25 projetos. Seu modelo combinado se baseia na primeira linha de crédito da CFM, o Climate Investor One, que financiou projetos de energia renovável no valor aproximado de US$ 1 bilhão na África, Ásia e América Latina.
Em fevereiro, a CFM lançou o Climate Investor Three, com o objetivo de investir entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão em transição energética e hidrogênio verde. Juntos, os três veículos demonstram um pipeline em desenvolvimento de instrumentos de financiamento climático, projetados para alinhar capital privado com resultados de adaptação e mitigação.
Contexto Global
O encerramento do CI2 ocorre em meio ao crescente reconhecimento de que o financiamento para adaptação continua sendo o elo mais fraco no financiamento climático global. Embora os esforços de mitigação dominem os fluxos de investimento, os impactos físicos das mudanças climáticas — da escassez de água às crises de gestão de resíduos — estão se acelerando nas regiões em desenvolvimento.
Ao combinar financiamento concessional e comercial, a abordagem da CFM oferece um modelo replicável para lidar com barreiras sistêmicas de mercado. Para formuladores de políticas e investidores institucionais, o sucesso da CI2 sinaliza uma classe de ativos emergente em infraestrutura para adaptação climática — uma classe que pode ser ampliada por meio de novas parcerias com instituições multilaterais e investidores soberanos.
À medida que os mercados de capitais continuam buscando rendimentos alinhados ao clima, a estrutura Bridge-to-Bond da CI2 pode oferecer um modelo para integrar projetos de resiliência em portfólios tradicionais — um passo essencial para preencher a lacuna de adaptação global.
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